Poemas Sobre a Morte

Não verás pranto rolar
de teus olhos enquanto o sopro
de vida oscilar em meus lábios.

Ausente de pesar ou fel,
sombra há apenas no céu,
para que as estrelas testemunhem comigo.

Sem rancor ou desalento,
nem uma flor ao relento
haverá de tombar. Eu prometo.

Não brotarão sorrisos teus,
a menos que o fim meu
seja por excesso de te amar.

Aproxime-se, ó morte
Radiante de estrelas
Cheia de fascínio
Enganadora
Ilusória

Anseio pela morte
Sentir
Nada é tão puro
Quanto experimentar
A porta
O vislumbre
Olhar para o além
Olhar para o íntimo

Desejo da morte
Vivenciar
Completar
Meu ser
De prantos
Não necessito
Renuncio
Mas de rosas, sim

Chegue, doce morte
Com sua calma beleza
Em paz consigo
Sincera
Delicada

Antes mesmo de eu surgir ao mundo,
Já estávamos ligados por um laço profundo;
Amor gravado no meu ser, infindo;
Mãe, nossa harmonia é como o vento, fluindo.

No encontro dos nossos olhares,
Transbordam sentimentos, laços tão rares;
Em seus braços encontrei o meu lugar
Desde aquele instante, para sempre a me amparar.

Tenho em você mais que uma guardiã,
Pronta a lutar por mim até o fim;
A me incentivar, com força titã,
Para enfrentar desafios e nunca desistir.

Mãe, tua essência é única, verdadeira,
E o que sinto é profunda gratidão;
Anseio retribuir tua dedicação inteira
E trazer alegria ao teu generoso coração.

Que a morte venha num
breve
momento
Desponte ela sem aviso
fugaz
porventura
Temores de dor
ou marcas na pele
não me abalam
inquieta-me
o silêncio do afeto
lágrimas despidas
destinadas a cair
dos entes queridos
dos filhos que eduquei
no caminhar
dos pais que acalentei
no adeus
Que se aproxime
a inevitável
com seus passos
graciosos
leves
sedutores
que venha se assim desejar
a qualquer momento
estarei me aprontando
para acolhê-la
com a bagagem pronta
saudoso
derramando lágrimas
por quem agora
permanece sem minha presença.

Se formos dar um passo,
Que seja lado a lado,
Se formos esquecer algo,
Que seja o caos externo,
Se formos perder algo,
Que seja o receio de nos entregarmos,
Se formos nos afastar,
Que seja de mãos entrelaçadas,
Se formos seguir em frente,
Que seja rumo a uma vida compartilhada,
Se formos retroceder,
Que seja ao ponto onde tudo teve início,
E se formos nos despedir desta vida,
Que seja um adeus conjunto,
Meu amor por você é imenso,
E minha existência está eternamente ligada à sua.

Escada da existência
Ponte para o eterno
Selada
Ancorada no tempo
Calor, suor
Brisas gélidas
Fechar os olhos
Uma
Derradeira
Vez
Fechar os olhos
Descansar
Matizes despojadas
Verbos despidos
Viver não seduz
Persistir
Extinguir
Partir
Nada me cativa mais
Hoje
Amanhã
Igualmente
Parti, parti
Amanhã não serei
Presente
Alguém me recordará
Quem na vida
Recebi.

A aurora se esconde
não despontará de novo
ficam carícias
abraços esquecidos
desesperos pelas vias
andando
isolados
junto a mim

Que não se erga
um existir ávido
por apetite cruel

Que não sobreviva
o óbito ao afeto
que já transborda de pesar

A noite chegará ela virá
mesmo que
para me banhar de luz
seja ela morna
seja tranquila
que exploda agora
que se torne tênue
não consigo mais viver.

Sobre amor se discorre
quando de finitude se
debate. Uma serenidade
inquietante que sacode
o presente ou qualquer
momento. É da morte que
se discute, se receia, se existe.

Impotentes perante a morte,
ainda assim, a existência
pode ser plena sem
deixar o destino ao acaso.

Tudo é superável quando
o temor é o assunto
doce ou amargo, que fuja
ao acaso.

Recear o fim é negar
a jornada e ceder a tranquilidade
a tormentos que perturbam
a serenidade e agitam o pensar
seja ele superficial, seja ele
casto, seja ele mais honrado.

Um calor me invadia o ser
temi estar enfermo a
sucumbir a uma febre
sem fim

Era uma queimação intensa
que meu coração sofria
entendi que a origem era
o próprio peito

Em noites gélidas
era ele que me confortava
o coração
tão enamorado

Agora compreendo que o calor
emanava do amor que por
ti tinha e por esse amor
eu existia.

A existência, inevitavelmente, tem seu término.
Seja a nossa, seja alheia.
Cada um enfrenta essa realidade
de seu próprio jeito.

Sinto orgulho em pensar que o nosso
período neste mundo é único.
É nossa oportunidade de tornar
a jornada significativa.

Pratiquemos o bem, já que o tempo
é um sopro.

Dissemine amor, pratique a bondade
pois é o que realmente possuímos.

Nenhuma onda se repete
No vasto oceano salino
Assim como não retorna a existência
De quem se foi sem previsão de volta
São os ditames incompreensíveis
Desse mundo de sangue e mel
Que afasta os seres amados
E até os que pouco nos importam
Levando-os para um adeus sem fim
E desenhando lágrimas em meu olhar

É doloroso admitir o fim na existência
Confrontar o término que se impõe
Aquilo que tanto desejamos manter

É a vida que segue seu curso
Sem razão ou explicação
Simplemente se vive e se finda

A correnteza dos rios seguirá
seu curso constante como o atleta
que se dedica nos treinos ao cair
da tarde dominical ou na mesma
velocidade do avião que cruza
altaneiro o vasto céu;

Flores brotarão nos muros cinzas
e nos canteiros cuidados por mãos
que semeiam vida nos recantos
de seus lares, enquanto o tempo
passa com sua mansa cadência;

Os jovens se debruçarão sobre
novos saberes e os mais vividos,
qual avós sábios, lhes mostrarão
caminhos para alcançar as estrelas
ou para as areias das nossas belas
praias nacionais;

Os seres que nos cercam seguirão
os mesmos, alguns nos deixarão,
mas o amor persistirá, tocando
corações novos e antigos,
todos à espera de seu momento
para partir enquanto a vida segue;

No brilho do seu olhar,
E no doce do seu sorrir para mim,
Sinto um laço que não quero desatar,
E um desejo de estar contigo até ao fim.

O futuro é uma incógnita a desvendar,
Desconhecemos as estradas a seguir,
Mas até o último suspirar,
Será em teus braços que quero me perder.

As aves deslizam com clareza
De eras que se foram; elas seguem
Ao ritmo do frio que se esvaiu e
Novos filhotes, leves, alçam voo
E metamorfoseiam árvores e matas
Em minúsculos brinquedos e
Prosseguem no voo, já nascem
Alçando aos céus e mais se unem
Continuam a esvoaçar por todas
As estações.

Assim tem sido o fluir do
Tempo desde que partiste
Para nunca mais voltar;

As aves têm planado como
Sempre, mesmo que minhas
Lágrimas suavizem os momentos;

É o pulsar apaixonado que ecoa,
sem freios, dentro de mim;
e a fortuna que invade o meu ser
com fervor infindável;
e é o existir que adoro desde que
meu coração reconheceu o teu;
e é a noite que se iluminou e
os dias que ganharam nova cor;

É o fim que não mais apavora ou
as lágrimas que se dissiparam
para nunca mais;

E é o coração que segue nesse ritmo
descompassado;
e essa sorte que elegeu meu peito
como morada definitiva;
e é a vida encantada, digna de
cenas de cinema ou capítulos de romance;
e são as noites e os dias que se vestem
de felicidade sem fim
incessantemente;

É o viver que se embelezou e se fez perene
em mim desde o instante
em que o amor nos uniu;