Escada Existencial e o Adeus Eterno

Escada da existência
Ponte para o eterno
Selada
Ancorada no tempo
Calor, suor
Brisas gélidas
Fechar os olhos
Uma
Derradeira
Vez
Fechar os olhos
Descansar
Matizes despojadas
Verbos despidos
Viver não seduz
Persistir
Extinguir
Partir
Nada me cativa mais
Hoje
Amanhã
Igualmente
Parti, parti
Amanhã não serei
Presente
Alguém me recordará
Quem na vida
Recebi.

O existir é o brilho que nos guia. É chama que nos aquece a alma. E é saúde, é serenidade. E é magia, é constante revelação. Não se trilha na vida senão com entrega total e plena, pois só assim se desvenda a alegria que nos espera, pronta para nosso abraço, nosso afeto, nosso toque. Seguir pela vida é rumar ao encontro do amor verdadeiro. Todo o resto são apenas caminhos empilhados em areias esquecidas, repletas de quietude.

A jornada existencial segue em direção única, impossível regredir. Nem mesmo pausar nos é permitido. Essa via pede que liberemos um sorriso genuíno a cada ser que encontramos. Viver é doar ao próximo o que temos de mais valoroso. É descobrir em cada um o que há de mais precioso. Viver é sinônimo de felicidade. Não existe alternativa. A nossa vida é uma estrela a iluminar o caminho trilhado por todos. Há apenas uma vida, a do amor pleno. Seja feliz – esse é seu dever.

Perder tua presença é perder a essência do existir.
É mirar o horizonte e não perceber.
É repousar e não mergulhar em sonhos.
É expressar-se sem ouvir o eco.
É alimentar-se sem saborear a vida.
É aspirar o ar sem notar sua fragrância.
É estender a mão e não alcançar.
Privado dessas percepções, para que continuar a respirar,
resta-me apenas recostar...

Na penumbra de angústia e falta
Aguardo um feixe que, quem sabe,
Venha habitar este peito fatigado e sombrio
Que pulsa e persiste, agarrando-se
A forças que já se esvaíram no solo estável
E que talvez já não veja o vão
De não discernir
O alvorecer de um novo dia e o crepúsculo do último...

Ah! Se eu pudesse transcender quem sou
Vislumbrar do cosmos
Mais do que meus olhos alcançam
Se eu tivesse a certeza de que a existência
Não é só um percurso tenebroso
Que a cada passagem deixa cicatrizes
Que, quem sabe, em outras eras,
Sejam lições de valentia e bravura...

O cosmo se move para que haja mudança
Para que todos nós, seres de razão sem par
Demonstremos uns aos outros
Que nosso ser tem um propósito
Errando ou acertando
Mas que, apesar de tudo
Somos, para além da existência
Seres efêmeros...

São as lágrimas que suaves
descem, quando já não há
forças.

São os poemas que traço
e que se esvaem no vazio do
olhar.

São as nuvens que, leves,
desnudam meu pensar e
sentir.

São as energias que possuía
e, esgotadas, me induzem a
lamentar.

Tristeza ou não, é desta forma
que sem sentido danço na
cena existencial.

Hoje me despeço de um amor, e a dor que sinto é imensurável, como se dissesse adeus a um sentimento que parecia imaculado e profundo. Quando nos entregamos ao amor, acreditamos na eternidade e na invencibilidade, mas a vida nos ensina, por vezes de forma cruel, que nem tudo segue o roteiro dos nossos sonhos.

Viver com o coração inundado de afeto foi uma experiência sublime, e descobrir a cumplicidade como algo que vai além da nossa essência foi transformador. Ter alguém que entende nossos silêncios, que segura nossa mão apenas para nos assegurar que tudo ficará bem é algo que não se explica, apenas se sente. Lamentável é que as mudanças, por diversos motivos, acabam por nos deixar um vazio que corrói por dentro.

Hoje me despeço de um amor, pois não há mais caminho a seguir juntos. As promessas se desfizeram em ilusões e as expectativas em desilusões. Guardarei com carinho o que foi bom, mas é tempo de buscar novos horizontes em busca da alegria perdida.