Poemas Sobre a Morte

O óbito
glacial
acende o calor
do vazio imenso
que invade
quem permanece
quem se vai
sem rumo certo
quem à vida
se rebela
e gira e gira
noite adentro
alvorecer
na escuridão
ao amanhecer

pela manhã
na penumbra
amanhecer
crepúsculo
um jeito bruto
de existência
como se o ato de viver
jamais fosse possível
e só quem permanece
ainda assim
triste, mas vivo
o vazio sentido
que aquece
ou esfria
o coração.

Mas o que é a morte
Senão a marcha seguinte.
Aquela que evitamos,
Porém que cada um encara,
Mesmo relutantemente.

Com receio do término,
Imobilizados pelo saber
Que nossa existência cessará,
Seguimos na penumbra,
Do incerto amanhã.

Eu, que pouco entendo,
Consciente de meu término,
Prossigo vigilante e observador,
Encantado com os presentes
E maravilhas que é existir.

Será este o término?
O último aceno?
A derradeira folha do conto,
O silêncio das notas,
Um derradeiro alento.

Não desejo partir
Com palavras sufocadas,
Afetos inexplorados,
Por temor ao escárnio
De olhares desprovidos.

De um coração pulsante
Para um que se esvanece
Agarra minha mão,
Não houve jornada ou risco,
Que não encarei ao teu lado

Embora presente em carne,
Já ausente em essência.
“É lícito padecer”
Entre abraços que
Preferiria ofertar, não aceitar.

Assumo minha máscara de resistência,
Postura, tranquilidade,
Diante do esperado,
A existência prossegue e em sua sapiência,
Invoca a lembrança.

De onde nasce essa energia que
me atrai ao brilho do seu olhar?
Para onde fluem estas lágrimas
que por ti não posso evitar?
Que atos me trariam seu afeto, ainda que fugaz?
Como apagar sua essência doce
da minha mente capaz?
Como me perder, nem que seja um segundo,
entre seus fios de cabelo?
Como fazer você ouvir
meus sussurros e anseios?
Meus olhos entoam uma
melodia de amor a você,
melodia que nem nas ondas do mar pude perceber.
Se eu pudesse acariciar seu rosto
sob a chuva a cair
e suavemente beijar seus lábios
tão doces a sorrir,
sentir seu corpo e em seus braços,
devagar fechar os olhos e me permitir...
Sei que versos e mais versos são vãos,
pois nenhum deles captura sua essência.
Resta-me fechar os olhos e abandonar a crença,
deixar meu coração derramar seu pranto, sentir a dor,
e no meu peito, sua lembrança,
aos poucos, deixar desvanecer no amor...

Nenhum sentimento
se esvai com o sopro
ou se desgasta com as horas.

Nenhum afeto
se dissipa com temor
ou se perde com receios.

Nenhum carinho
é menos intenso que o fim
ou excede a fortuna
de existir.

Nenhum amor
é labareda ou chama
ou rio sem anseio
de saciar-se.

Destinos entrelaçados
em um berço de paixão
e na sinceridade de um
coração, brotaram
dois seres eternos
que jamais perecerão!

O acaso nos uniu
sem jamais consultar
e no fulgor sereno
da harmonia, eu nasci
para ti e tu para
mim!

Mãe, palavra divina que
encarna a grandeza
feminina!

Mãe, que o afeto nos
envolva no calor do
abraço infinito!

No instante não percebi,
Mas tudo mudou ao te encontrar.
As sombrias nuvens dissiparam-se ao vento
E um homem incrível pude contemplar.

Dividimos segredos,
Desvendamos nossos receios
E nessa vulnerabilidade compartilhada
Nasceu um amor sem fronteiras.

Crescemos lado a lado, indissociáveis
E juntos sonhos grandiosos buscamos.
Uma família criamos,
Com filhos que intensamente amamos.

Evoluímos muito a dois
E edificamos um universo só nosso.
Meu amor por você só aumenta
E assim permanecerá até o fim dos meus dias.

Cada vez que o amor revelar
o firmamento a mim, esforçar-me-ei
para criar um refúgio para nós
juntos.

E sim – meu ser se expandirá com sua
presença nos tempos sombrios
e nos instantes derradeiros da
existência.

Ao amor sussurrar meu nome
anseio ouvir o seu, sem fôlego
e livre de outras vozes ou sons
distantes.

E não – não renunciarei à serenidade
mesmo se conflito for o que ela traz, contudo
perseguirei incansavelmente o seu mais
radiante sorriso.

Amor parte, amor retorna, amor
surge em rebeldia e tudo é oceano
e tudo é grão, e tudo é puro na
convicção de que dois espíritos são
um só ser, uma só nação.

Infinitude, frieza, ardor, paixão
desejo, terra, toque, e um
ósculo eterno e um laço e
um enlace, e o pulsar do
coração, o meu, o teu, o teu.

Amor que persiste eras sem fim
Amor que brota sem findar
Infinitude, frieza, ardor, paixão
Um pulsar do coração
Um pulsar do coração.

Tudo se finda
nada mais resta
sobram apenas
mares vastos
trilhas na calçada

O despertar
após o fim
será igual
o cosmos indiferente
não altera sua via

Indiferente ele fica
prosseguirá o ciclo
eterno dos tempos
flores surgem
flores fenecem

Lágrimas hão de cair
tocarão o solo
que em vida pisei
e que amanhã
será pisado por outros.

Sentir a falta de alguém é um fardo pesado,
a dor parece eterna, sem jamais
se dissipar por completo.

Ainda carrego a saudade
de almas que se foram.
Rezo com fervor por elas, para
que encontrem a luz divina.

Superar o luto e prosseguir
é um desafio, mas também
uma necessidade vital.

Conduzo minha existência para
prestar tributo aos que se foram.
Guardo na memória cada ser amado
e só almejo que encontrem serenidade.

Quando chegar a hora de eu me despedir,
Falem de mim com a mesma afeição de sempre,
Revivam os instantes que dividimos
E, mais que tudo, deixem um sorriso brotar.

Não desejo ver pranto, nem pesar.
Anseio por ver em cada semblante um sorriso a brilhar,
E, se tiverem valentia, soltem uma gargalhada,
Pela alegria que juntos pudemos desfrutar.

Desconheço o destino que me aguarda.
Mas tenho a certeza, se puder observar quem amo,
Não quero avistar lágrimas, nem lamentos,
Pois senão, junto a vocês, minhas lágrimas também cairão.

Mãe, termo breve mas cheio de força,
Mãe, amor eterno que floresce sem fim,
Seus braços, pilares do universo, sustentam tudo,
Mãe permanece firme, não importa o desafio,
E palavras falham para mostrar nossa gratidão,
A eterna dívida que temos com ela;
Mãe transcende a definição de mulher,
É um anjo que Deus enviou para nos guiar.

Mãe, no passado, presente e futuro,
Mãe, o curso do tempo não altera,
O calor do abraço, o doce beijo, o conforto,
O conselho sábio, a arte de zelar;
Mãe é presente divino, uma dádiva singular,
Mãe é ser o porto seguro da família,
É o primeiro amor, o mais profundo e verdadeiro,
Mãe, a mais sublime criação do cosmos.

Quando um ente querido nos deixa,
um vazio se instala no coração.
A falta que faz se torna constante e
só nos restam as memórias afetuosas.

O Senhor tem seus propósitos
e, assim, quando alguém nos deixa,
eu me entrego à oração e
fortaleço minha crença.

Creio que o reino celestial acolherá
todos os que partem.
Que encontrem paz
na infinita presença do Senhor.

Aos que permanecem, fica a nostalgia,
as recordações e a convicção de que
cada momento vivido foi valioso.

Ela surge sem prelúdio, porém vai
Deixando a certeza de que existiu ao
Perpassar das eras, frio ou calor,
Seja estação das flores ou das folhas a cair.
Ela vem sem alarde e subtrai do
Rosto alheio o sorriso, substituindo
Pelo pranto perpétuo e pela
Amarga falta que jamais se esvai.
Ela, a finitude, vem sem qualquer aviso
.

Ao partir, alguém
sempre leva um fragmento
dos que permanecem e deixa
um pedaço próprio pelo caminho.

Herança são as lições
partilhadas e a nostalgia
que eternamente habitará
em nossos corações.

Quem parte, inevitavelmente
carrega consigo uma parcela
do nosso afeto.

Alguns crêem que se tornam anjos,
outros que encontram paz
ao lado do Criador.

Não tenho certeza de minhas crenças,
mas sinto que em mim vive
um pouco de cada alma que partiu.

Preservo recordações preciosas,
e um imenso amor no coração.

No peito, uma cavidade
marca de um tiro letal
na mente, um invólucro
de plástico, ainda mais fatal

O falso se disfarça de verdade
e o que se expressa é sofrimento puro
vestido ou em sua essência crua
se aproxima o fim, incerto e obscuro

Sentado ou de pé, espero
o momento final chegar
pois na dança do tempo me perdi
à espera de realmente começar.

Vivi errado toda a vida
pensando que a aproveitei
agora que o fim se aproxima
percebo que nada realmente sei.

As pétalas vão se abrir em cores vibrantes
e os ciclos do sol, do amanhecer ao crepúsculo,
a correnteza dos rios que abriga os peixes,
incessante, e a brisa que guia as andorinhas
e os pássaros pelo céu; as vias sempre
percorridas por passos apressados e o fruto
da videira que, prensado, oferece o vinho
aos que anseiam saborear a existência
no almoço e no jantar;
as pétalas continuarão a se abrir
mesmo após seu último suspiro, mesmo
quando lágrimas marcarem a despedida
daqueles que partem sem adeus;
daqueles que se vão antes do tempo.

E os rios, os mares, o sopro do vento, as vias
e as uvas, tudo persiste suavemente mesmo
quando este mundo você eventualmente deixar.

Não é um adeus final,
É mais um "até logo"
Que virá a seu tempo.
Melhor tarde do que nunca,
Que não seja excessivamente tardio,
Pois eterno, sei que não será.

Ainda estou por aqui,
Empenhando-me ao máximo,
Vivendo cada novo dia,
Consciente de que o pior
Pode ainda estar à espreita.

Confesso abertamente,
Essa noção de descanso
Reencontro, amor, nirvana,
É atraente, mas essa decisão,
O momento de partir,
Não está em minhas mãos.
Prossigo à minha maneira,
Sem pressa de partir.

Não interprete errado,
Valorizo minha estadia aqui,
Porém a morte não me assusta,
Triste é testemunhar a partida alheia,
Sem convite,
Deixando-nos para trás.

Se me permitir um pedido,
Quando chegar minha hora,
Que seja uma passagem serena,
Sem alardes,
Sem dor ou abraços apertados,
Pois presença gera lágrimas,
E na minha vez,
Desejo partir com um sorriso.

Dama encantadora, quão afortunado seria,
Por simplesmente partilhar tua companhia,
Observar teu olhar pacífico, tua essência floral.

Vendo-te aí, serena em teu repouso,
Num sossego que parece tão grandioso,
Desconhecem teu valor, o que representas afinal,
E o peso que carregas em meu sentimental.

Por breves instantes, dá ouvidos a esta rima,
Que com fervor e esperança, a alma estima,
Expressando um desejo ardente, quase irracional.

Confesso-me frágil, sem a audácia necessária
Para segurar tua mão, revelar esta história,
Sobre os sentimentos que guardo cá dentro,
E as ideias que habitam o pensador,
Que por ti, vive um amor intenso.