Despedida Silenciosa: Entre Abraços e Lembranças

Será este o término?
O último aceno?
A derradeira folha do conto,
O silêncio das notas,
Um derradeiro alento.

Não desejo partir
Com palavras sufocadas,
Afetos inexplorados,
Por temor ao escárnio
De olhares desprovidos.

De um coração pulsante
Para um que se esvanece
Agarra minha mão,
Não houve jornada ou risco,
Que não encarei ao teu lado

Embora presente em carne,
Já ausente em essência.
“É lícito padecer”
Entre abraços que
Preferiria ofertar, não aceitar.

Assumo minha máscara de resistência,
Postura, tranquilidade,
Diante do esperado,
A existência prossegue e em sua sapiência,
Invoca a lembrança.

Parece que foi ontem que meu pai partiu, e tudo ainda me parece surreal. Não faz muito que escutei o som da porta se fechando, num gesto de despedida. Um até logo que eu julgava ser só até o cair da noite, como era de costume. Contudo, aquele foi um adeus definitivo. Uma despedida do nosso mundo, da nossa família. Uma despedida da vida, tal como a conhecíamos até então.

Essas recordações permanecem tão nítidas na minha mente, que meu coração ainda aguarda o retorno dele, como se nada tivesse acontecido. Há algo em mim que se recusa a aceitar essa morte e isso, talvez, seja o que me impede de prosseguir.

A ausência do meu pai me deixa um vazio imenso. A saudade cresce a cada dia e é difícil aceitar essa realidade. Pensar em como será a vida daqui para frente é um desafio enorme. Mas quando não podemos alterar o passado, o que nos resta é honrar os ensinamentos deixados por aqueles que sempre amaremos.

Quando partiste, amor
A noite se tornou infinita
O astro rei perdeu seu fulgor
O lar se tornou uma ilha deserta
O calor da lareira se esvaiu
O cobertor não mais acolhia no frio
As chamas das velas se extinguiram
As plantas feneceram
Quanto afeto, claridade e calor
Foram levados por esse adeus?
Não posso quantificar, apenas sentir
As lágrimas caem sem prenúncio
E continuo a trilhar
Recolhendo os fragmentos deixados
Fragmentos de amor, de brilho, de existência
Quão árduo é reuni-los outra vez
A despedida é áspera,
Não concede pausa, traz dor
Mas hei de lutar contra essa lacuna,
Contra essa noite sem estrelas
O sol irá resplandecer de novo
O sol há de invadir este espaço
Que agora me pertence
O sol há de nutrir minhas plantas
E meu jardim florescerá
Sim, vou me reerguer
E reconstruir meu espaço
Após essa partida
E quando um novo amor surgir,
Meu lar estará pronto
Para acolher todas as flores,
Com velas e melodias
Sim, a despedida não mais
Magoará meu coração!

Quantas vezes compartilhamos
instantes, lado a lado,
em devaneios noturnos
sob afagos suaves
que agora são apenas lembranças
desbotadas
Uma paixão que teve
seu crepúsculo
E que eternamente guardarei
Pois não tivemos
O encontro desejado
Nem pudemos
Nos entregar
Agora, em silêncio e melancolia
Na penumbra desta
Existência
Permaneço
Envoltando sua falta
E ciente de que não retornará
Para junto de mim
Sinto-o ainda próximo
Sinto o calor de seus beijos
A ternura de seus abraços
A doçura de seu
Olhar
O encanto melodioso de sua fala
Como em um sonho encantado
Onde me dizia palavras belas
Que agora ecoam em vão.

Hoje me encontro em um duelo interno entre a melancolia e o contentamento. Até o momento, a disputa está acirrada, oscilando entre risos dispersos e instantes de pesar. É doloroso ter que renunciar à presença de entes amados para perseguir o maior sonho da minha existência.

O intervalo da minha ausência se estenderá, e a falta que sentirei será profunda, pois vocês são a luz que brilha em meu ser, e sem dúvida, será essa claridade que me impulsionará a seguir adiante todos os dias.

Expresso minha gratidão profunda a todos que, de alguma maneira, me apoiaram a avançar. O temor às vezes se manifestou, mas o incentivo e o afeto com que me cercaram tornaram toda a insegurança inicial em algo adormecido.

A despedida se aproxima, contudo, nenhuma distância é capaz de enfraquecer o vínculo que mantenho com cada um de vocês. Todos ocupam um espaço singular em meu coração, e são inamovíveis.

O regresso parece distante, mas como tudo na vida, o tempo é capaz de solucionar. Aguardo com ansiedade o momento do nosso reencontro, na esperança de que a saudade vença a tristeza rapidamente e a transforme em júbilo.

Amo vocês! A saudade será imensa!

Ela surge sem prelúdio, porém vai
Deixando a certeza de que existiu ao
Perpassar das eras, frio ou calor,
Seja estação das flores ou das folhas a cair.
Ela vem sem alarde e subtrai do
Rosto alheio o sorriso, substituindo
Pelo pranto perpétuo e pela
Amarga falta que jamais se esvai.
Ela, a finitude, vem sem qualquer aviso
.