Tristes Poemas

São as lágrimas que suaves
descem, quando já não há
forças.

São os poemas que traço
e que se esvaem no vazio do
olhar.

São as nuvens que, leves,
desnudam meu pensar e
sentir.

São as energias que possuía
e, esgotadas, me induzem a
lamentar.

Tristeza ou não, é desta forma
que sem sentido danço na
cena existencial.

Hoje já se desenrolou,
O porvir parece repetir-se,
Nenhuma novidade no horizonte,
Ao fim, restam apenas prantos.

Posso traçar as linhas mais melancólicas esta noite.
Redigir, por exemplo: "O céu brilha salpicado de estrelas,
e tremem, azulados, os astros distantes".
O sopro noturno dança pelo firmamento e entoa.

Posso traçar as linhas mais melancólicas esta noite.
Amei-a, e por vezes, ela também me amou.
Em noites assim, ela estava em meus braços.
Seus lábios beijei sob a vastidão celeste.
Ela me amou, por vezes, eu também a amava.
Como ignorar o brilho de seu olhar intenso.

Posso traçar as linhas mais melancólicas esta noite.
Pensar que não a possuo. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite ampla, ainda mais sem sua presença.
E a poesia toca a alma como orvalho na relva.
Que importa se meu amor não conseguiu retê-la.
O céu brilha salpicado e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém entoa uma canção. Ao longe.
Minha alma não se satisfaz por tê-la perdido.
Meus olhos a procuram, querendo aproximá-la.
Meu coração a busca, e ela não está comigo.
A mesma noite que alveja as mesmas árvores.
Nós, de outrora, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas quanto a amei.
Minha voz buscava o vento para alcançar seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, sua silhueta límpida. Seus olhos vastos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez ainda a amo.
É tão efêmero o amor, e o esquecimento tão extenso.

Pois em noites como esta, quando a tive entre meus braços,
minha alma não se satisfaz por tê-la perdido.
Embora este seja o último pesar que ela me causa,
e estes sejam os derradeiros versos que lhe dedico.

(Pablo Neruda)

Era insustentável manter tudo como estava,
Por vezes, é preciso extirpar as daninhas do canteiro
Para que o novo tenha espaço para brotar
E, talvez, com o tempo, venha a prosperar.

Minhas jornadas se arrastam como noites gélidas sem fim.
Sinto a ausência de contentamento, de sorrisos sinceros.
Resta-me apenas a esperança e o pensamento:
Quem sabe, com o tempo, haverá um amanhecer de mudanças.

É uma emoção indescritível, um
eco mudo, um perfume cheio
de calor que não se sente.
Somente o amor detém a chave
para se entregar sem revelar
seus mistérios ao coração.

É um clamor que ecoa na alma,
a dor de um amor não retribuído,
o peso de sentimentos não partilhados.
Apenas a resiliência pode superar
a mágoa de um afeto unilateral,
dedicado a quem é nosso tudo.

A quem é nosso tudo entregamos
sem esperar nada em retorno!

A nostalgia redigiu versos
que não quis revelar ao
mundo; negou que alguém ou
outra alma os descobrisse.

A nostalgia padece
de ausência e assim redige versos no
íntimo e espírito de quem também
a experimenta e opta por não revelar.

A nostalgia brinca com as horas que
se esvaem no tempo das lágrimas
de quem aguarda em dor ou
padece sem desejar.

A nostalgia impiedosa
é quando envolve as lágrimas e as
marca com o vermelho do coração
pesaroso que, repleto de mágoa, verte pranto.

Hoje tudo parece sem cor
e me percebo melancólico sem
motivo claro algum.

Lágrimas escorrem pela face
e eu desejava apenas um abraço,
mas o vazio é o que está aqui.

Sinto-me isolado e sem ver
uma saída.
Me vejo mergulhando ainda mais
nesta melancolia intensa.

Alguém pode me escutar?
Alguém se preocupa?

Queria que alguém pudesse
compreender e quem sabe,
esse pesar pudesse cessar.

Cada amor desponta de um
canto, de um recanto, de
um território, de uma
península, de um céu estrelado
ou de algum cosmos distante.

O amor é companheirismo e
estima, jamais rancor
ou ganância ou despeito ou
alguma outra forma de
pesar emocional.

Manteremos a amizade para
sempre, seja em tempos
crus, despidos ou solitários, ou em
companhia, próximos ou distantes do oceano
ou das constelações marinhas e
de outros grãos tingidos.

Quando chegar a hora de eu me despedir,
Falem de mim com a mesma afeição de sempre,
Revivam os instantes que dividimos
E, mais que tudo, deixem um sorriso brotar.

Não desejo ver pranto, nem pesar.
Anseio por ver em cada semblante um sorriso a brilhar,
E, se tiverem valentia, soltem uma gargalhada,
Pela alegria que juntos pudemos desfrutar.

Desconheço o destino que me aguarda.
Mas tenho a certeza, se puder observar quem amo,
Não quero avistar lágrimas, nem lamentos,
Pois senão, junto a vocês, minhas lágrimas também cairão.

Sentir a falta de alguém é um fardo pesado,
a dor parece eterna, sem jamais
se dissipar por completo.

Ainda carrego a saudade
de almas que se foram.
Rezo com fervor por elas, para
que encontrem a luz divina.

Superar o luto e prosseguir
é um desafio, mas também
uma necessidade vital.

Conduzo minha existência para
prestar tributo aos que se foram.
Guardo na memória cada ser amado
e só almejo que encontrem serenidade.

O óbito
glacial
acende o calor
do vazio imenso
que invade
quem permanece
quem se vai
sem rumo certo
quem à vida
se rebela
e gira e gira
noite adentro
alvorecer
na escuridão
ao amanhecer

pela manhã
na penumbra
amanhecer
crepúsculo
um jeito bruto
de existência
como se o ato de viver
jamais fosse possível
e só quem permanece
ainda assim
triste, mas vivo
o vazio sentido
que aquece
ou esfria
o coração.

Máscara cotidiana
Seja meu escudo e disfarce
Permita que eu seja aceito
Ainda que custe a verdade
Melhor ser falso que rejeitado.

Você me vê, mas não percebe.
A mentira estampada no rosto
Narra um conto divergente
Ri por fora, mas por dentro se retrai
É o segredo de quem dissimula.

Não é por maldade
Anseio ser comum
Mas quem deseja aproximação
De quem se vê negativo,
Dolorido, abatido e abalado.

Talvez um dia,
Com a coragem necessária
Eu retire essa pintura
Denominada falsidade
Que para mim é salvaguarda.

Mas a quem estou iludindo?
Não são os desavisados deste segredo,
Mas apenas a mim mesmo
Consciente de que me falta vigor
Sou feito só de anseios.

Hoje será como ontem,
Exibindo para todos
Um semblante de contentamento,
Por dentro com o temor de me lesionar
Todos os dias me firo.

Existem tantos destinos a explorar,
Tantos recantos onde você pode estar,
Mas é no seu sorriso que quero me ancorar,
No aconchego dos seus braços, o tempo vou parar.

É para lá que corro ao temer o perigo,
É lá que a alma encontra seu abrigo.
Seu abraço é refúgio, meu porto amigo,
Nele encontro amor, calor e abrigo.

Desejo estar contigo agora e na eternidade,
Desejo compartilhar contigo pura felicidade.
Ao seu lado, não há espaço para a saudade,
Juntos, nosso amor desafiará a temporalidade.

Vamos realizar cada sonho desenhado,
Vamos viver o prometido, lado a lado,
Deixe-me olhar em seus olhos, apaixonado,
E confessar: quero você em todos os meus anos planejados.

É uma sensação que nos invade
profundamente, no âmago
do ser. É um aperto que nos
leva ao ápice do desalento. É saudade.

Inútil resistir. É apenas uma
luta onde ninguém triunfa. A falta
é a solidão sentida e o reconhecimento
de que perdemos o que jamais quisemos soltar.

É o sentimento nostálgico que surge
a cada noite de lua e permanece na alvorada
que desponta. A saudade aperta e machuca.

É a tristeza em sua forma mais crua
que sempre aparece naquele momento mais
inesperado. A saudade aperta e machuca.

Não consigo lembrar o início
mas enfrentar esse sofrimento
é como ser abraçado pela dor que
insiste em me prender, sem cessar,
desafiando a felicidade que se esvai.

Não busco explicações, nem quero
entender as mágoas ou a ira que
me dominam do despertar ao
momento em que o sono me vence,
com lágrimas de um fardo insuportável.

É um desalento que me faz clamar
em silêncio; cicatrizes expostas e
doloridas, ecos gelados no oceano.

É uma tristeza que me consome
sem pedir licença, sem dar trégua;
são lágrimas de olhos que já secaram,
desgastados, perdidos no frio do mar.

Permita
que a mágoa parta
deixe o astro rei
desafiar o
que se esvai.

Conceda
ao oceano a
chance de
mudar
e ascenda
ao que em
dulçor se
alterou.

Libere
pois a
existência não
permanece e
se modifica
para o que
agora ou algum
dia existirá.

Busco algo
que me traga alívio
e acho aconchego
nestes versos.

A solitude é minha parceira
enquanto percebo o abismo
perene em meu ser.

Lágrimas descem pela face
e o mundo perde seu significado.

Ansio por escapar daqui,
pois não acho
alma alguma que
compreenda meu sentir.

Com cada tic-tac, o vazio
em mim se alarga
um pouco mais e a
melancolia se firma como
minha eterna aliada.

Não é um adeus final,
É mais um "até logo"
Que virá a seu tempo.
Melhor tarde do que nunca,
Que não seja excessivamente tardio,
Pois eterno, sei que não será.

Ainda estou por aqui,
Empenhando-me ao máximo,
Vivendo cada novo dia,
Consciente de que o pior
Pode ainda estar à espreita.

Confesso abertamente,
Essa noção de descanso
Reencontro, amor, nirvana,
É atraente, mas essa decisão,
O momento de partir,
Não está em minhas mãos.
Prossigo à minha maneira,
Sem pressa de partir.

Não interprete errado,
Valorizo minha estadia aqui,
Porém a morte não me assusta,
Triste é testemunhar a partida alheia,
Sem convite,
Deixando-nos para trás.

Se me permitir um pedido,
Quando chegar minha hora,
Que seja uma passagem serena,
Sem alardes,
Sem dor ou abraços apertados,
Pois presença gera lágrimas,
E na minha vez,
Desejo partir com um sorriso.

Hoje, a saudade é meu universo.
Desde sua partida,
ela é a única emoção
que habita em mim.

Sinto falta da sua voz,
do seu sorriso, dos nossos
diálogos e pasme,
até do nosso adeus sinto falta.

Esse vazio que me acompanha
é o que me liga a você
e por isso, não desejo
abandonar essa sensação,
embora me cause dor.

Não posso permitir que você
desapareça por completo, então
me agarro a essa saudade,
ainda que ela só traga
uma profunda melancolia.

Estou com saudades e ainda almejo
o momento de te envolver
em meus braços outra vez, mesmo que
seja apenas por um instante final.