Reflexões de um Peixinho Sentimental

Sou peixinho
Deslizo entre lágrimas que escorrem
Em meu cubículo de vidro
Isolado
Cercado
A salvo
Contudo, abatido

Por vezes percebo-me alheio ao cardume
Tão à margem
Tão distinto
Ingênuo
Desorientado
Incerto de como me portar
Temeroso

Sou peixinho
Imaginam-me sem emoções
Então, o que seria essa melancolia?

Sou um peixinho
Porém, estou me afogando em sentimentos.

No aconchego do meu peito, um recanto todo especial
é reservado para meus sobrinhos, joias de valor sentimental.
Cercados de carinho e afeto, em meu coração têm lugar,
pois em cada gesto e palavra, meu amor está a transbordar!

Quando nosso romance se desfez, imaginei que o sentimento se dissiparia junto, mas me enganei profundamente. Desde que nossos caminhos se dividiram, vivo um lamento constante, como se arrancassem meu coração.

Sua ausência é física, mas sua essência nunca esteve tão impregnada em mim. Você habita cada canto da minha existência: nos sonhos que me visitam, nos pesadelos que me assombram, nas incessantes reflexões e nas lágrimas que escapam, até nos sorrisos que por vezes florescem...

Vejo seu reflexo em cada rosto que passa, e a razão é clara: ainda nutro esse amor por você, e aos poucos, me vejo perdendo-me nesses profundos versos amor.

A cada palavra que traço, um novo pranto brota em meus olhos.
Contudo, isso talvez seja um sinal positivo;
um indício de que, ao menos por um instante,
vivenciei o sentimento mais sincero e precioso
que pode unir seres humanos: o amor!

Ninguém está verdadeiramente pronto para encarar a perda. Ela deixa uma queimação no peito e um aperto no coração. Fere partes de nós que nem sabíamos que existiam! A perda é, sem dúvida, a dor mais profunda da alma humana. O amor, por sua vez, segue a mesma trilha incerta. Ninguém está imune.

Vivemos à deriva no oceano da vida, pois num instante tudo é harmonia, e no seguinte, tudo pode se desfazer. E essa dor, a da perda de um amor, ela nos remodela, altera nossas vidas por completo. Mas é verdade que, em todas as esferas da vida, o tempo é um aliado e novas perspectivas sempre acabam por emergir em nossa mente.

Como definir o coração?
Será apenas um órgão vital
Que bombeia o sangue sem cessar
Ou o mestre das nossas emoções?
Será parte essencial
No enigma do amor a se montar
Ou vítima da dor e das traições?
Resistente como as cordas de um violão
Ou frágil a qualquer mínima lesão?
Será ele manancial de doçura
Ou uma fortaleza que nada segura?
Será ele o lar da ganância
Ou o santuário da mais pura esperança?
Será um guia para a paixão
Ou somente uma forçada obsessão?
Ditará ele as normas a seguir
Ou será como um véu a nos iludir?
Será um simples enfeite
Ou um valioso tesouro que se ajeite?
E assim, retomo a indagação:
Quem será o ser, então,
Capaz de discernir com precisão,
Os verdadeiros motivos do coração?