Luminosidade Celestial no Abismo das Provações

Mesmo sob a penumbra, no abismo das provações, no instante de maior amargura, brilha sempre um farol: a luminosidade celestial.

Há momentos em que perdemos quem amamos e nos sentimos abandonados, revoltamo-nos contra a existência e passamos a enxergar o mundo como um abismo profundo e tenebroso onde habitamos. E quando menos imaginamos, percebemos que esse abismo é ainda mais profundo e sombrio. Sentimos uma profunda decepção com a vida, pensando que ela perdeu seu valor, e de repente, nos damos conta de que o mundo é ainda mais triste e obscuro do que supúnhamos.

Nos isolamos, silenciamos, nos ocultamos, cerramos nossos olhos à espera de um milagre, que pode jamais ocorrer. Mas, em um dia qualquer, descobrimos que existe sim uma maneira de clarear o abismo aterrorizante. É algo muito simples, ao alcance de nossos gestos, que irradia luz a todos ao redor, um simples sorriso, o primeiro degrau rumo à alegria.

Mas, com o tempo, percebemos que não basta apenas sorrir; o essencial é encarar o abismo sombrio e sorrir oferecendo a mão para que muitos a segurem; é ensinar a sorrir. Só assim, com um belo sorriso, podemos transformar esse abismo em um belo refúgio, que, no fim das contas, está ao alcance de todos, dentro de cada um de nós. E é necessário apenas um pequeno incentivo para que a nossa luz ilumine o nosso abismo que ainda é profundo, mas já não é mais sombrio.

A afeição que outrora encontrei em ti, transformou-se em um abismo insondável.

A existência me castigou sem clemência, uma sequência de revelações amargas. Levou embora almas queridas que eu acreditava que ficariam comigo para sempre.

Agora, só me resta um abismo de saudade e nada mais retomará a forma de outrora. Cada amanhecer é um desfile de instantes pálidos, pois sei que nada se alterará e os que tenho amor não retornarão.

Duas cabras saltitavam contentes pelas rochas, no ponto mais alto de um vale serrano. Acontece que um abismo as separava, com um rio volumoso ao fundo, que vinha das montanhas.

Um tronco de árvore tombada era a única e fina passagem para ir de uma margem à outra do precipício, tão estreito que nem dois esquilinhos podiam atravessá-lo juntos em segurança.

Esse caminho frágil e perigoso intimidaria até o mais corajoso aventureiro que tentasse passar, exceto por essas cabras.

O orgulho de cada uma não lhes permitia ficar frente a frente sem que isso fosse visto como um desafio aos seus territórios, ainda que estivessem divididas pela profunda fenda.

Assim, decidiram ao mesmo tempo cruzar a passagem estreita para confrontarem-se, com o intuito de definir qual delas deveria reinar naquele lugar. E, no meio do caminho, se encontraram e iniciaram um combate com seus chifres robustos.

Obstinadas em impor sua vontade de dominação, nenhuma mostrava sinal de ceder espaço à rival. Dessa forma, não demorou para que ambas caíssem no abismo e fossem levadas pela correnteza impetuosa do rio.

Moral da História:
É mais sábio renunciar ao orgulho do que atrair para si o infortúnio por causa da obstinação.

Ao mergulhar no abismo dos teus olhos, descobri um motivo para existir...
inquestionavelmente distante de ti.