A Intraduzível Nostalgia da Saudade

Saudade, esse termo singular, escapa de qualquer tentativa de tradução, seja ela linguística ou emocional. Não há palavras em outros idiomas que consigam capturar a essência do que ela representa em nosso português. E no âmbito sentimental, é um enigma até para quem a experimenta, incapaz de definir sua verdadeira natureza.

Diferente de emoções claras como a felicidade ou a tristeza, a saudade é um mosaico de sentimentos. Pode ser ao mesmo tempo um aperto no coração e um doce conforto, capaz de arrancar sorrisos em meio ao pranto ou de trazer lágrimas a um rosto sorridente.

A saudade é como fitas de vídeo que pausamos, mas nunca desligamos completamente. Basta um cheiro, uma imagem, um som ou uma sensação que nos remeta ao que foi vivido, e o filme mental se inicia, permitindo-nos reviver, por instantes, a felicidade de outrora, trazendo um sorriso acionado pela alegria que se antecipa a qualquer outra emoção.

Por isso, é essencial guardar as memórias com delicadeza e afeto, como preciosidades únicas. Só você possui a chave desse baú de riquezas para reacender momentos marcantes. E a beleza disso é que essas fitas de vídeo são perfeitamente editáveis; sim, é possível escolher as cenas que trazem bem-estar e que nos remetem a sorrisos e instantes de pura alegria.

Nostalgia Feliz: Recordar e Sorrir

Nostalgia feliz é reviver lembranças sem dor ou arrependimento. É trazer à mente, com um sorriso, as épocas douradas, os dias de pura alegria, a doce infância, os amigos de outrora e o aroma de novos cadernos.

Nostalgia feliz é contemplar o caminho percorrido com um sorriso no rosto. É recordar o cheirinho da vó, o gostinho da comida da mãe, e o desafio prazeroso de aprender a flutuar na água.

Nostalgia feliz é aquela que não nos faz lastimar o passado, mas nos encoraja a olhar para trás com gratidão, abraçando o agora com a felicidade e a sabedoria dos tempos idos.

Nostalgia feliz é sentir um quentinho no coração ao espiar uma foto desbotada pelo tempo, ao reencontrar um brinquedo perdido na poeira do esquecimento, ou ao desenterrar uma peça antiga do armário.

Mas nostalgia feliz de verdade, é aquela que traz a certeza de um reencontro. É a saudade que sinto de você, com a doce expectativa de que em breve estará aqui!

Nenhum termo traduz a falta que sinto, o vazio deixado em meu peito quando partiu, sem promessa de retorno.

A nostalgia redigiu versos
que não quis revelar ao
mundo; negou que alguém ou
outra alma os descobrisse.

A nostalgia padece
de ausência e assim redige versos no
íntimo e espírito de quem também
a experimenta e opta por não revelar.

A nostalgia brinca com as horas que
se esvaem no tempo das lágrimas
de quem aguarda em dor ou
padece sem desejar.

A nostalgia impiedosa
é quando envolve as lágrimas e as
marca com o vermelho do coração
pesaroso que, repleto de mágoa, verte pranto.

Nostalgia,
Da época em que eu livremente
pulava corda no asfalto da vizinhança,
Da época em que nos olhos se encontrava
a pureza e o ímpeto de existir,
Dos risos sinceros e das fantasias tão belas.

Nostalgia,
Das travessuras, das peraltices
e até dos beliscões que a mãe dava,
quando pegava no flagra alguma
"obra-prima" criada por mim...

Ah, a infância querida!
Quando tudo era um jogo,
Tudo era festa
Tempo que se foi,
Deixando apenas recordações,
Daquela era infantil
Que o tempo não devolve,
E que a nostalgia,
Faz questão de preservar
Com tanto zelo e amor
No fundo do peito...

Consciente de que serei esquecida,
A realidade do mundo é essa,
Um encanto breve e certo,
Que persiste só por instantes,
Horas, minutos ou segundos.
Ardor, inveja e fervor
Angustiantes sonhos se despedem
E resta apenas a nostalgia,
Nostalgia do seu afeto!