Dar para receber

Tudo o que volta deve primeiro ter ido embora. O amor, a ajuda, a amizade, a felicidade, o bem só retornarão se antes o tivermos oferecido a alguém. Dar aos outros o que queremos tanto ganhar é o caminho mais rápido para nossa vida mudar. Doar! É a melhor maneira de agradecer, de ter fé, de receber.

(Rachel Carvalho)

Chegou a vez de receber dezembro de braços abertos, e logo mais, de nos despedirmos do ciclo que se encerra. As celebrações batem à porta e o momento de cercar-nos dos que temos carinho está por vir.

Este mês se destaca como o mais encantador do calendário, convidando-nos a uma pausa para meditar sobre as experiências vividas e as que ainda estão por chegar. Receba com alegria, dezembro!

Não é novidade que muitos se queixam do que a vida lhes entrega. Com o tempo, a busca pela felicidade pessoal se torna um desafio maior, e estamos sempre em busca do que ainda não possuímos, tornando raras as ocasiões em que nos sentimos verdadeiramente realizados.

Mas será que oferecemos ao mundo o que desejamos para nós? Será que espalhamos felicidade, alegria e bons sentimentos diariamente? Provavelmente não.

Em meio a uma rotina acelerada, muitas vezes deixamos de observar outros aspectos da vida, focando unicamente em nossos desejos. Esquecemos que é improvável que alguém mergulhado em tristeza consiga perceber a alegria ao seu redor.

Quando a insatisfação com o que a vida nos dá bate à porta, é hora de refletir sobre o que estamos emitindo diariamente. O mundo gira em torno de dar e receber, e mesmo quando o sentimento é generoso, espera-se algum retorno positivo de quem recebe.

Se em algum momento sentir que a tristeza tomou conta de sua existência, observe mais de perto os sentimentos que está espalhando. Busque entender o que realmente deseja sentir no cotidiano e comece a distribuir pelo mundo aquilo que anseia para sua própria vida.

Enfrentar o cotidiano é uma verdadeira prova de resistência. A existência não nos concede pausas, independentemente das circunstâncias que estivermos atravessando, o planeta segue em sua rotação sem aguardar que retomemos o alento.

A locomotiva da vida segue seu curso e não podemos nos dar ao luxo de ser deixados para trás, mesmo que, em inúmeras ocasiões, desejemos apenas admirar o cenário e observar o trem seguir seu caminho pelas serras.

Reconheço que há instantes em que é necessário dar um passo atrás. Prosseguir com mais calma, pois se estacionamos, somos superados. A sociedade nos cobra resiliência, mas isso não implica em sermos inflexíveis, seja conosco ou com os demais. É essencial achar um equilíbrio, nem tão elevado aos céus, nem tão preso ao chão.

Em muitas situações, a chave está em saber escutar nosso íntimo. É nosso coração que nos dita o compasso a ser seguido. Por vezes, é necessário mergulhar no silêncio para compreender qual direção tomar, em que estação desembarcar e de que forma prosseguir na jornada.

Com certeza, ninguém curte se sentir frustrado, seja por conta de alguém ou de um evento que aguardávamos ansiosamente. É ruim encarar uma surpresa ruim. Frequentemente, a frustração vem de esperar demais, sempre achando que tudo vai dar certo no dia a dia.

Pensar que tudo vai dar errado também não é a solução para cortar a decepção da nossa existência. O mais crucial é entender que tudo é incerto e depende de múltiplos fatores para se concluir de forma positiva ou não.

Quando notamos que algo não rolou como queríamos, não podemos nos achar tão influentes a ponto de acreditar que o futuro vai se desenrolar exatamente como planejamos. Planejar é útil para prevenir confusões ou erros, mas temos que lembrar que o acaso e os imprevistos são elementos que fogem do nosso controle.

O verdadeiro otimista tem o dom de saber que algo vai dar certo não por presunção, mas simplesmente por acreditar que a força que define o que vai dar certo ou errado na sua vida está dentro de você, nas suas competências, em sua fé.

(Luís Alves)