Carta Aberta: Quando o Amor Encontra a Traição

Você não titubeou na hora de me trair. Lançou-se em aventuras sem se importar se estava me ferindo. Ignorou o compromisso de fidelidade que assumiu e não teve consideração pelo nosso matrimônio.

Se ansiava por liberdade, poderia ter se pronunciado. Eu abriria espaço para você explorar seus desejos egoístas. Daria tempo para você perseguir um novo amor fervoroso, como se estivesse revivendo a juventude. Eu concederia tudo isso, exceto a promessa de ficar ao seu lado.

Você sabe o quanto sinto amor por você, mas não posso mais aceitar esse papel, encarar toda essa situação com submissão. Não posso deixar que meu coração seja menosprezado e esfacelado assim. Por dias, meses, ou até anos, talvez tenha sido ingênua e confiado cegamente nas suas declarações de amor, mas chegou a hora de finalizar tudo isso. Agora você é livre para viver sua vida como desejar.

Para mim, a amizade é um laço tão ou até mais sagrado que o amor. Não selamos nosso vínculo com anéis, nem juramos amor eterno, mas a lealdade é um requisito essencial.

É por isso que a dor da traição e a tristeza são insuportáveis quando alguém a quem confiamos nossa amizade, com quem dividimos segredos e sonhos, e em quem depositávamos confiança plena, nos trai de maneira tão vil como você fez comigo.

Desde aquele momento em que sua traição penetrou meu coração, sinto um esforço constante para compreender o motivo. Por que? Sinto orgulho em você, tinha amor por você! Dizem que amigos são a família que escolhemos, e agora vejo que falhei gravemente nessa escolha. E, já que o erro foi meu, assumo minha parcela de culpa por ter confiado em você.

Com o tempo, a amargura se esvairá, pois tudo se transforma, mas ficarei aguardando, pelo tempo que for necessário, suas explicações, suas desculpas. Meu lado mais sentimental sempre aguardará o dia em que você trará uma justificativa plausível para tudo isso, para que, quem sabe, possamos reconstruir nossa amizade...

Os laços de amizade são tesouros da existência, por vezes equiparáveis ou até superiores aos familiares. A dor da decepção, por isso, é tão profunda.

Hoje, as lágrimas escorrem pela traição daquela que chamava de melhor amiga, e me pergunto se ainda cabe tal título. Não previa que a dor fosse tão aguda, sufocando até o ato de respirar.

É o peso da realidade quando depositamos nossa total confiança e crença em alguém, e essa pessoa nos apunhala pelas costas. Assim foi com a melhor amiga que agora evito olhar, pois só de pensar nela, o coração aperta em sofrimento.

O coração é um templo sagrado, o refúgio onde resguardamos nosso bem mais valioso: a habilidade de amar. Não se deve permitir que qualquer um adentre esse espaço sem cautela.

Devemos entreabrir as portas do coração gradualmente, com zelo. As esperanças depositadas nos outros também devem ser cultivadas devagar, conforme eles demonstram ser dignos de nossa confiança.

Cada desapontamento que enfrentamos marca o coração com uma cicatriz, por vezes, persistente. Um coração desencantado pode se assemelhar a um cristal fraturado, que foi cuidadosamente restaurado.

A dor nasce quando nossas expectativas não se concretizam. Contudo, muitas vezes, somos nós os responsáveis por nossas próprias mágoas, ao confiar cegamente em quem não compartilha de nossos princípios. Por isso, é essencial ser prudente, não podemos culpar outrem por nossas frustrações e dores, exceto quando essa pessoa nos iludiu com promessas vazias e palavras enganosas. E essa modalidade de dor é a que mais fere, pois carrega a dualidade da traição e do desencanto.

Mesmo com o coração ferido, ainda é possível renovar sonhos e reconstruir crenças, pois cada cicatriz carrega uma memória e, mais importante, uma aprendizagem.

Um laço desfeito, um voto de amor ignorado, falsidades lançadas ao esmo. Fui ludibriada, por ti que juravas amor eterno, por ti que te proclamavas meu companheiro, o único em meu coração.

Difícil dizer o que mais fere. A traição aguda que como lâmina se cravou em minha alma, a confiança que se desfez sem retorno, ou o veneno da decepção a devorar minhas ilusões. O conto de fadas se desvaneceu, restou a dura verdade!

Num momento tão devastador quanto breve, você sacudiu meu universo, a nossa história. Como um pesadelo atroz, descobri a traição, meu marido. A confiança despedaçada, a alegria antes pura, agora maculada.

Contudo, quando a fumaça de indignação e dor se dissipou, enxerguei seu remorso e o quanto sinto orgulho de você. Você implora por perdão, e como negar? Somos humanos, falíveis por natureza, e só quem nunca falhou pode atirar a pedra.

Cada um merece uma chance de redenção, e esta é a sua, definitiva e derradeira! Reconstruir nosso laço, esquecer por completo, talvez não seja simples, mas nos esforçaremos juntos. Acredito que ainda compensa, que nosso enredo não se encerrou e ainda nos reserva belos capítulos, repletos de amor para partilhar.