Reflexões sobre a Essência da Ajuda

Permaneciam imóveis, esposo e esposa.
Aguardavam o automóvel. Foi então que surgiu a figura
da roceira, reservada, simples, sofredora.
Relatou que o incêndio, distante, consumira sua morada,
e tudo o que possuía.
Buscava no comércio um socorro para erguer
nova casa e adquirir seus singelos pertences.

O marido atento. Abriu o porta-notas, retirou um valor,
e entregou, sem proferir palavra.
A esposa atenta. Questionou, inquiriu, ponderou, orientou,
se emocionou e falou que a Virgem Maria iria auxiliar
E não tocou na bolsa.
Quem mais contribuiu?

Daí se extrai que o esposo ajuda sem se envolver
e a esposa se envolve sem ajudar.
Assim como aquele dito:
"A quem te solicitar um peixe, ofereça um meio de pescar."
Analisando melhor, não apenas o instrumento para pescar, mas também o fio,
o gancho, o peso, o atrativo, indicar um local rico em peixes
e ensinar a serenidade do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se realizasse
o necessitado não pereceria por falta de alimento?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

Não existe quem seja tão diminuto
que não possa oferecer algo,
ou tão influente
que não possa aceitar ajuda.
Ninguém é tão frágil
que jamais tenha superado.
Ninguém é tão robusto
que nunca derramou lágrimas.
Ninguém é tão elevado
que não precise de suporte.
Ninguém é tão incapaz
que nunca tenha colaborado.
Ninguém é tão erudito
que nunca cometeu equívocos.
Ninguém é tão valente
que nunca sentiu temor.
Ninguém é tão tímido
que nunca manifestou bravura.
Ninguém é tão individual
que nunca dependeu de outrem!

Quem oferece apoio a quem está ao redor descobre que o impacto do poder de suas atitudes é ilimitado.

Venha o que vier, com sol ou chuva a cair, tenho a certeza de que contarei com uma mulher extraordinária ao meu lado. Titia, é de você que estou falando!

Gratidão por estar sempre comigo, pela ajuda, pelo aconchego que me oferece desde que me entendo por gente. Tia, é maravilhoso ter sua companhia, sentir que ocupo um espaço querido em seu coração!

Não me abalam as críticas ou os julgamentos alheios. Sou eu quem arca com as consequências das minhas escolhas de vida. Tracei meu próprio caminho e assumo o custo de cada escolha, dia após dia.

Não me desculpo por minhas atitudes, pois, se pudesse, repetiria cada uma delas. Planejei com cuidado cada passo que dei, e até os desvios me ensinaram a caminhar com mais firmeza.

Admito que houve momentos de medo e incerteza, mas sempre tive a certeza de que a responsabilidade pela minha vida era somente minha. Nas vezes em que tropecei, recobrei forças para me levantar sem ajuda.

Sim, me perdi algumas vezes, me perdi por amores, me deixei levar por ilusões, vivi lágrimas e sorrisos, e por instantes, pensei ter conquistado a felicidade. Contudo, logo entendi que a felicidade é fugidia, sempre escapando para nos motivar a perseguí-la incansavelmente.

O discípulo procurou seu mestre, aflito, e desabafou:

- Meu grande companheiro, por que este paradoxo que enfrento? Estava em paz, a fé começava a brotar em mim. Mas, ao acolher a fé no peito, o sofrimento se fez presente em meu caminho. Se acumulei tanta confiança no cuidado Divino, por que então tantos desafios me cercam? Há momentos que me vejo em angústia profunda. Como entender essa contradição?

O mentor, contudo, replicou prontamente:

- Filho, não te indignes. A Lei do Criador é equidade e compaixão. O Senhor Sábio não te isentaria do teste, mas não podes ignorar que a Generosidade Sem Fim te sustentou com a ajuda necessária, para que enfrentes as intempéries atuais com a proteção adequada.