Reflexões de um Amor Silencioso

Sinto-me perdida e
Desorientada sobre o que fazer.
Carrego uma dor e
Não encontro alguém para ouvir.
Lágrimas caem,
Sem entender o motivo sequer.
Nutro este amor,
Sem poder me declarar.

Minha querida, por vezes, deve parecer que sou um paizão chato, barrando seus planos, e talvez tenha razão. Mas ser pai é também dizer "não" vez ou outra. Queremos apenas o que há de melhor para vocês, nossos filhos, ainda que isso signifique ser o "chato".

No instante em que te segurei nos braços pela primeira vez, fiz um voto silencioso de te proteger com todas as minhas forças. Então, quando digo não à uma saída ou a um desejo seu, estou apenas cumprindo essa promessa sagrada.

Pode ser que eu não seja o pai perfeito, mas tenha certeza de que, em mim, você encontrará sempre um amor sem limites e alguém pronto a dar a vida para te proteger. Meu amor por você é imenso, minha filha.

Preciso desabafar em lágrimas,
é a única forma de aliviar
esse peso que carrego no peito.
Porém, meus olhos estão secos...
Nenhuma gota para derramar.
Como purificarei meu espírito agora?
Aqui dentro, a angústia é imensa.
Não busque a verdade no meu olhar,
Ele só reflete um puro desalento.
Parece que ninguém pode me salvar,
Ninguém ainda se mostrou presente
Para declarar um sincero afeto,
Para assegurar que vai melhorar,
E que a vida ainda reserva esperança.

Quando nosso romance se desfez, imaginei que o sentimento se dissiparia junto, mas me enganei profundamente. Desde que nossos caminhos se dividiram, vivo um lamento constante, como se arrancassem meu coração.

Sua ausência é física, mas sua essência nunca esteve tão impregnada em mim. Você habita cada canto da minha existência: nos sonhos que me visitam, nos pesadelos que me assombram, nas incessantes reflexões e nas lágrimas que escapam, até nos sorrisos que por vezes florescem...

Vejo seu reflexo em cada rosto que passa, e a razão é clara: ainda nutro esse amor por você, e aos poucos, me vejo perdendo-me nesses profundos versos amor.

Passo as noites em claro revivendo nossa trajetória, buscando entender nossos desacertos e as razões pelas quais não estamos mais unidos.

Questiono-me se foi algo que proferi que te distanciou de mim, se agi de algum modo inadequado ou, sem me dar conta, se causei tua infelicidade. São inúmeras conjecturas, mas o epílogo é invariavelmente o mesmo, o término do nosso afeto mútuo.

Ainda me encontro melancólico, afinal, além dos sentimentos, construímos tantos projetos juntos, mas não me rendo à derrota pelo término, pois assim como o amor surgiu e agora partiu, tenho convicção de que um dia ele retornará.

O sofrimento do peito não cessa,
e a luta para conter as lágrimas,
ou a busca incessante pelo sorriso perdido,
de uma época em que amar era livre
e não amar era uma escolha.
Hei de sarar esta angústia que
pesa na essência e se espalha
pelo coração; essa dor sem fim
que fere por dentro e faz brotar
dos meus olhos um oceano inteiro
de prantos amargos e salgados.

Hei de aliviar essa dor que invade
meus pensamentos, que consome
minha alma até o último suspiro.
Pode ser a dor de um amor puro
ou talvez não, ainda estou em busca
da resposta.