Recomeçar e Reajustar: A Arte de Moldar o Próprio Destino

É comum em diversas fases da vida sentir que algo lá atrás poderia ter sido distinto, ou perceber que o agora já não nos preenche tanto. Alterar feitos do ontem é, por enquanto, impossível. No entanto, os efeitos dessas ações podem ser suavizados ou mesmo reajustados com novos comportamentos no hoje.

Caso o desejo de iniciar de novo seja forte, concentre-se nos ganhos que tais alterações trarão ao seu cotidiano e encontre valentia para persistir. Por outro lado, se o receio ainda domina, faça uma pausa e avalie se essa nova partida trará benefícios reais para você. Pondere sobre as consequências, tanto boas quanto ruins, e decida se o empenho compensará.

Todos os dias nos deparamos com chances de recomeçar, seja mensalmente ou anualmente, sempre há a chance de optar por novas direções. Se ainda não percebeu tais momentos, talvez não tenha chegado a hora de alterar algo significativo em sua existência.

Seja qual for o seu anseio por mudar ou manter-se estável, nunca deixe de examinar cuidadosamente cada oportunidade. Pode estar deixando escapar a transformação mais significativa para sua vida por crer na ilusão de que é inviável modificar sua realidade.

A existência humana, como é de conhecimento comum, apresenta uma miríade de trajetórias interessantes e, frequentemente, a opção mais acertada não se revela tão evidente, tampouco instintiva. Com o aumento das possibilidades, cresce também o risco de enveredar por uma rota equivocada, e reajustar o percurso pode não ser um procedimento simples.

Para alguns, os erros não provocam grande aflição, mas há quem veja em um simples deslize a causa para um aumento desproporcional de sentimentos negativos. Quem não se acomoda com os próprios tropeços deve canalizar energia total na busca de soluções.

Embora os desacertos frequentemente se assemelhem, cada falha é única e demanda uma abordagem diferenciada, não podendo ser tratada exatamente como as anteriores. Enfrentamos novos contextos que podem desencadear reações já conhecidas, e se a solução passada não impediu a repetição do erro, isso indica a necessidade de revisar as estratégias adotadas.

Diante de cada novo equívoco, é imprescindível a busca por novas estratégias. Em uma vida tão mutável, como seria possível que uma única abordagem funcionasse indefinidamente?

Por que perseguir incansavelmente algo que foge ao nosso controle? A sorte é irmã gêmea do acaso, e, embora possamos tentar aumentar nossas chances de encontrá-la, o desfecho final escapa das nossas mãos.

Há quem sorria com a fortuna e quem lamente a falta dela, mas a verdade é que o caminho mais seguro para o sucesso ainda é pavimentado pelo empenho. Para quem encontra alegria em empregar seu vigor na busca por um objetivo, não existe recompensa maior do que testemunhar os frutos de seu próprio esforço.

Existem também aqueles que apostam todas as fichas na sorte, economizando esforços e deixando que o triunfo seja obra do destino. Tal estratégia pode até dar certo para alguns, mas viver à espera de um golpe de sorte pode ser uma jornada ansiosa.

Para quem não quer depender dos caprichos do tempo, o melhor é confiar na própria tenacidade e habilidade. Moldar a sorte através da dedicação é, além de eficaz, um meio de acelerar a chegada dos sonhos. Seja qual for sua crença - na força do acaso ou no poder da autonomia - invista sua energia para atingir suas aspirações da melhor forma possível.

E quem vai se preocupar, se por acaso o amor se desfizer? Muitos acreditam que o amor é eterno quando surge. Eu já vejo o amor como uma forma de viver. Posso me encantar, posso amar de verdade, mas estou ciente de que pode terminar. Quem sofre é quem imagina que o amor é permanente!

Prefiro aproveitar o amor e convertê-lo em inspiração. Amores são passageiros. Se eu me deixar abater pela dor, o sofrimento será maior do que o necessário. Quando um amor se despede de mim, eu choro e sinto dor, mas escolho transformar a nostalgia em arte, escrevendo poesias, criando uma tela, elaborando uma melodia.

Não é que eu me considere artista, mas o que seria do artista sem o amor e a desilusão para inspirar? Quando o amor se vai e a saudade bate, recorro à arte para me confortar, mesmo que não tenha valor ou um espaço para mostrar.

Aqueles que possuem a capacidade de se moldar,
detêm o domínio para conquistar o destino almejado.

Recomeçar é começar de novo. É jogar fora, destruir, remover tudo que não foi bom, que não valeu a pena, que foi feito errado, e com o que sobrou, reconstruir.
É fazer novas paredes, no lugar daquelas que os erros encheram de buracos e rachaduras. Até as mais pequenas imperfeições no reboco tem que ser removidas, para que as novas estruturas possam ser sólidas.
Para recomeçar, é preciso ter em mente que tudo que é bom deve ser refeito, revivido. Portas de liberdade, janelas de confiança, assentadas sobre tijolos de verdade e justiça. No teto, uma laje de carinho e perdão, para que possamos ficar ao abrigo das tempestades que a vida fatalmente traz. No chão, um piso seguro e sólido, feito de companheirismo e compromisso, será a base para caminhar de mãos dadas.
Nada de querer aproveitar uma meia bancada, ou uma pintura esmaecida. Afinal, com a vida não se pode brincar. Lembrando apenas dos momentos em que os olhos falaram mais que as palavras, é preciso tomar o outro pela mão e trabalhar. É começar do zero, usando o único material que não se esgota. O amor.

(Christina Ferreira)