Mensagem para Lápide

Não me busques, Mãe, na fria pedra,
Onde adornas com brilhos e flores!...
Olha os vales de lágrimas e dores,
Deixa o mármore e vem, minha espera.

Aqui, a solidão amargamente chora,
Acolá, o órfão clama por abrigo,
Vamos ofertar um refúgio amigo
E verás nossa angústia se ir embora!...

Vamos, Mãe, trocar o fausto excessivo
Por amparo, conforto, sustento vivo,
No ideal do bem que nos ilumina!...

E caminharemos lado a lado, a cada dia,
Transformando a tristeza em harmonia
E o frio da ausência em calor que ensina.

Após longos meses presenciando um amor que se esvaía, hoje é o dia do adeus final. Ele se foi, terminou. Sofrimento já tive de sobra, isso é fato, mas o mais difícil ainda está por vir. Agora enfrento o luto e o vazio. Não é nada fácil testemunhar a morte de um amor. Contudo, posso afirmar com convicção que batalhei, batalhei até o derradeiro instante para mantê-lo vivo, empreguei cada esforço possível, cumpri tudo que estava ao meu alcance.

Não carrego o peso da culpa por ter sido fraca. Mas chega um momento na vida em que é necessário aceitar, por mais que doa, que tudo tem seu término.

Há tempos sentia como se carregasse um defunto nas costas, o defunto de uma relação. Já começava a ser um fardo pesado e a exalar um odor insuportável. Era o momento de sepultá-lo de uma vez, jogar a terra por cima e virar as costas para continuar a jornada da vida.

Outros amores surgirão, irão embora, mas almejo que o amor verdadeiro chegue e que seja duradouro, se for para me trazer alegria. Mas agora, sepulto um amor que se extinguiu, um amor que chegou ao fim. Deixo flores sobre a sepultura, mas carrego comigo as dores dos espinhos. Espero, em breve, poder me desvencilhar deles.

No momento exato, sabe o silêncio guardar
Atento, meu lamento sempre a escutar

Profere o conselho que necessito ouvir
Palavras sábias que me fazem refletir

É o cofre onde meus mistérios repouso

É o manancial
Onde minha autoestima venho a restaurar

Recolhe meu pesar
E me faz revigorar

Compartilha comigo
O sorriso mais singelo

Com minha risada se alarga

Atravessa comigo madrugadas
Em festivas jornadas

Comove-se junto a mim
Com o pranto mais profundo

Nas insônias compartilhadas
É parceiro nas minhas solidões

Generoso, divide o que tem
Se me falta, me estende a mão

Verdadeiros amigos, raros são
Se me restar somente um
Que seja imenso
E me preencha de alegria.