Lágrimas Paralelas na Solidão

Eu presenciei!
Uma lágrima deslizando
Pelo rosto de alguém na solidão
Essa mesma lágrima, eu a vi incontáveis vezes
Escorrendo por inúmeras faces
E essas almas se acomodavam frente a frente
Sem coragem de se encararem
Olho no olho
Olhar no olhar
Espiavam-se mutuamente
Exalando um sentimento reprimido
Que recusavam admitir
E amaldiçoavam em silêncio uns aos outros
Lamentando a indiferença dos pares,
E seguiam em trajetórias paralelas
Conhecendo-se somente por marcas no solo
Eu testemunhei!
Eu asseguro que vi!
Mas me faltou coragem para revelar
Ao sujeito de sapatos náuticos o que
Meus olhos haviam testemunhado.

De um lado, um "comparsa"
Do outro, o clã
Rodeado por muitos rostos
Esquecidos ilustres a vagar
Entre tantos trilhos
No cotidiano a se entrelaçar
Todos se encontram
E ao costume se entregam
Em meio a tantos outros
A meta é transcender
Um ruído sobressalta
E parece que não há ninguém
A realidade se desdobra
Um olhar para o que já foi
Sem buscar novos rumos
Nem perceber o que se constrói
Olhos despertos
Mas a visão turva
Ouvidos aguçados
Mas o silêncio perturba
Sente-se desacompanhado
Ainda que cercado esteja
Procura-se uma rota
E o desconforto permeia
Solidão em meio a tantas
Afinidades
Vive-se a miragem de isolamento
Perdido entre as idades.

Não é por acaso que, ao enfrentarmos o mundo pela primeira vez, soltamos nosso pranto. Aquém do aspecto fisiológico e instintivo, essas primeiras lágrimas já sinalizam que o trajeto neste plano não promete ser simples, e que o empenho pela sobrevivência tende a ser um desafio intenso.

Desde cedo compreendemos que os embates serão cotidianos e inescapáveis. A dedicação se torna nossa aliada mais fiel, crucial para que a missão recebida não fique perpetuamente em espera.

Os obstáculos surgem e se desvanecem, e o tempo para que cada um se dissipe de nossa realidade nem sempre está sob nosso domínio completo, e o triunfo pode ser uma visão rara. Ao encarar um revés, é essencial manter a serenidade e buscar a melhor forma de gerir as consequências que advêm.

É raro alguém alcançar tudo o que almeja, mas saber gerir os triunfos e revezes do dia a dia, com certeza, tornará a rotina mais alegre e a existência mais leve. Se o dia de hoje não transcorreu como desejava, conserve a esperança de que o amanhã sempre nos reserva novas chances de conquista.

Minha querida filha, como sua mãe, levo você em meus pensamentos diariamente, questionando-me sobre seu bem-estar. Rogo ao Senhor que te presenteie com alegrias e amizades sinceras, para que solidão alguma te alcance.

Consciente de tua rotina atarefada, ainda assim, meu coração materno anseia por notícias tuas. Uma simples mensagem ou ligação rápida já me satisfazem.

Entendo, sim, que és uma mulher feita, e isso você já me fez saber inúmeras vezes. Sinto um imenso orgulho da mulher que você se tornou, porém, sempre haverá uma parte de mim que te vê como a pequena que era.

Para mim, você permanece sendo aquela bebê que eu trouxe ao mundo, e basta um singelo contato teu para serenar este coração que te ama eternamente.

Cedo ou tarde, a vida nos ensina a arte de dizer adeus. Algumas despedidas são enfrentadas com serenidade, outras nos atingem com uma dor profunda. O essencial é compreender como gerir nossas emoções nesses instantes.

É preciso aceitar que certas pessoas se vão e não há como impedir. Em muitos casos, o caminho é soltar as amarras que nos prendem àqueles que se foram. Existem partidas que precisamos permitir, mesmo que isso nos custe lágrimas.

Ao longo da minha existência, repetidas vezes me vi tomado pela paixão. Esse sentimento me levou a sonhar, me proporcionou alegrias, mas também lágrimas e dor. Meu afeto se espelhou no semblante, na forma, no toque de inúmeras mulheres.

Contudo, o amor verdadeiro reside em mim, na minha ânsia de amar que me impulsiona a entregar meu coração àquela que julgo digna de nele repousar, seja por uma noite, uma semana ou pelo infinito lapso da eternidade.

Anseio por me enamorar, por sentir o amor correr pelas minhas veias. E na sua ausência, sinto um vazio, uma sede, um vislumbre de morte em mim. Preciso de alguém que ocupe meu peito para que a vida vibre, para que eu veja o mundo em cores vibrantes, para experimentar júbilo e inspiração.

Ah, como anseio pelo meu grande amor, aquele que completa meu coração! Ah, como anseio por aquele que ainda não conheço, mas que pode surgir na próxima parada do trem para compartilhar comigo um trecho mais deste trajeto!