Fugindo do Castigo, Renegando a Fortuna

Poucos há que, de medo ao castigo, fujam dos favores da fortuna.

Peço perdão pelo deslize
Que sem querer cometi
Não foi por maldade, eu juro
Foi um ato que não previ

Errei sem querer na verdade
O erro foi no remetente
Me vejo em solitária saudade
Fugindo, mas de frente

Esteja certa, minha amada
Aceite meu pedido sincero
Você é o amor da minha estrada
Seu silêncio é o que mais temo

Redijo esta nova missiva
Desculpe pelo transtorno causado
Escrevo com a alma cativa
Mas o endereço, este sim, está acertado.

O amor é a força que impulsiona o universo e todos os que nele habitam. É o amor que dá vida às obras mais sublimes. É o amor o motivo dos sorrisos mais radiantes. Contudo, para mim, agora, é o amor que traz o pranto a escorrer pela minha face.

Busquei no brilho do seu olhar a luz que os meus anseiam, mas só encontrei seus olhos desviando-se, fugindo para longe do meu olhar. Você não sente por mim o que sinto por você... E isso machuca! Machuca profundamente, como nunca senti antes!

Mas tenho convicção de que superarei esse amor não retribuído, pois o tempo será meu aliado. E quem sabe, em algum futuro, outros olhos encontrem os meus, buscando o que agora procuro nos seus.

Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens: que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro.

Quem aplica um castigo quando está irritado, não corrige, vinga-se.

Quando o castigo finda, o arrependimento se desvanece.