Basta de Palavras, Agora é Hora de Silêncio

Lamento, mas já escutei tudo o que podia. Não desejo ouvir mais nada, não quero mais saber. Dispense suas desculpas, economize seus lamentos. Sinto tristeza por ter-lhe concedido nova oportunidade. Chegou o momento de me voltar para mim mesma. Preciso e anseio por te esquecer.

Não pronuncie mais uma palavra, não solicite mais nada de mim. Suma da minha vida, evapore dos meus pensamentos. Você perdeu seu espaço em meu coração, não se encaixa mais em meu mundo. Reserve suas narrativas para quem ainda possa crer nelas. Eu já não posso mais suportar suas falsidades. Não busque justificativas, não há mais o que explicar, suas palavras são agora vãs. Meu foco é único: eu mesma.

Você, que já demandou tanto e tanto recebeu, atenda agora ao meu único pedido: esqueça-me!

Um garoto, com voz suave e olhos brilhantes, indaga ao pai, assim que ele chega do trabalho: - Papai! Quanto você ganha por hora?

O pai, com expressão austera, retruca: - Olha aqui, rapaz! Isso nem tua mãe tem ciência. Não me perturbe! Preciso descansar.

Contudo, o menino persiste: - Por favor, papai... Me conta quanto você ganha por hora... O pai, um pouco mais ameno, revela: - R$3,00 por hora.

- Então, papai, você me empresta R$1,00? O pai, tomado pela raiva, e agindo com rispidez, vocifera: - Então, era isso que você queria saber? Vai dormir e não me importune mais. Estou exausto!

Com a noite já alta, o pai começa a refletir sobre o ocorrido e o remorso o invade. Pensou que talvez o filho quisesse adquirir algo. Desejando aliviar o peso na consciência, dirige-se ao quarto do menino e, com voz mansa, questiona: - Filho... você já dormiu? - Não, papai. - responde o menino, entre o sono e a vigília. - Aqui está a grana que você pediu.

- Obrigado, papai! - exclama o filho, erguendo-se e tirando R$2,00 de um pequeno cofre sob a cama. - Agora tenho o suficiente! Posso ter agora uma hora do seu tempo?

Se você não tem um filho, imagine alguém que você ama...

Aguentei em silêncio, na esperança de um gesto seu, contando cada dia por um sinal. Foi em vão que expressei meu afeto, sinalizando meu desejo de ir além, mas nunca fui tão importante quanto você é para mim.

Não vou te culpar pela minha dor, pois o coração tem vontades próprias, mas não posso mais lutar contra a correnteza desse jeito. Existem amores que são reais apenas para quem sente, e agora é hora de me despedir dessas emoções solitárias que habitam em mim.

Perdi você. Tanto eu queria expressar, mas faltou-me a valentia para revelar meus sentimentos. Aos meus olhos, eu era apenas mais uma na sua vida, contudo, no íntimo, ansiava ser a mulher que te faria plenamente feliz.

Em silêncio, tentei demonstrar o que meu coração gritava. Meu olhar reluzia feito sol de verão toda vez que perto de ti eu estava. A voz falhava, as mãos tremiam, e as palavras se perdiam no caminho. Jamais consegui ser quem realmente sou ao teu lado, e talvez por isso, você nunca percebeu o quanto eu te amava.

Agora, as lágrimas geladas percorrem meu rosto. São vestígios da dor por tudo que ficou por dizer. Você se tornou uma ilusão, o epílogo de um conto que nunca teve início, e eu me culpo por não ter sequer tentado. Restará sempre a interrogação do que poderíamos ter sido, mas com a certeza de que sou responsável por este desfecho.

Como bem se diz, as palavras têm o peso das balas; uma vez disparadas, não há como recolhê-las, e o seu poder de ferir é letal. São poucas as coisas no mundo que machucam tanto quanto as palavras. E é exatamente por isso que, em momentos de fúria, recorremos a elas, cientes de que são as armas mais eficazes para atingir alguém.

Palavras lançadas sem reflexão, impulsionadas pela força do momento, direcionadas ao coração para machucar, são as que mais custam a ser perdoadas. Quanto mais íntimo é o laço com alguém, mais potente é o estrago causado por palavras ásperas, que nem sempre refletem o que de fato sentimos.

Por isso, preciso que você saiba que as palavras que lancei contra você foram fruto de um descontrole emocional, disparadas por sentimentos desordenados e por tempestades internas!

Infelizmente, não posso retroceder no tempo e apagar da sua memória o que proferi; peço apenas que compreenda que tudo foi dito sob o calor da emoção, e que nada daquilo corresponde ao que realmente habita o meu coração.

Suplico seu perdão, repetidas vezes perdão! Tenho esperança de que você possa me absolver e que, em breve, possamos dialogar cara a cara. Sua presença é extremamente valiosa em minha vida.

Deixo aqui minhas desculpas mais sinceras e profundas, na expectativa de que elas possam aliviar as feridas que causei.

Não consigo discernir se falhei em dar o bastante ou se, de fato, não era nosso destino estar juntos. O que sei é que, mesmo com o passar do tempo, minha afeição te deixa indiferente.

Creio que chegou a hora de admitir que persistir não faz mais sentido. Talvez este seja o instante de abrir mão do seu amor. Sonhei em silêncio com algo que jamais se realizará, e carrego comigo a responsabilidade por essa dor.