Alarde e Pesar: O Contraste do Final

Tanto alarde, tanto berro,
mas no fim, é o pesar que se consagra.

De cada um que me adorou
De cada gesto que me envolveu
Já se apagaram na memória, foram inúmeros a me querer
Incontáveis foram os que no coração guardei!
Mas eis o amargo contraste...
Tu, que nunca me quiseste
Tu, a quem nunca me aconcheguei
Só tu permaneces na essência, de todos os que já amei!

Mesmo sem alarde, cada gesto gentil tem seu efeito.

No labor diário, eleva preces sem alarde.
Em oração, dialogas com o Criador;
No teu agir, é Ele quem te orienta.

Ela surge sem prelúdio, porém vai
Deixando a certeza de que existiu ao
Perpassar das eras, frio ou calor,
Seja estação das flores ou das folhas a cair.
Ela vem sem alarde e subtrai do
Rosto alheio o sorriso, substituindo
Pelo pranto perpétuo e pela
Amarga falta que jamais se esvai.
Ela, a finitude, vem sem qualquer aviso
.

Cores de terra – marrom, rubro e dourado,
Folhagem dança ao chão, sem cessar;
Outono encanta, pinta o quadro do fado,
Tempo de alma se recolher, se agasalhar;
Sopra o vento que vai, não faz alarde,
Sonhos adiados ao céu vai levar,
Despido está o meu peito, qual árvore,
Na espera de um novo sonhar;
Outono, transição, pausa na vida,
Deixar fluir, sem pressa, o caminhar,
Sua luz sutil, sagrada, recebida,
Promessa sutil de tudo renovar.